15 de jun. de 2010

Critica: TOY STORY 3

Toy Story é uma animação diferente por diversas razões. Para mim, a principal delas é seu caráter extremamente lúdico, que desperta a essência do divertimento e do enorme prazer que é fantasiar uma aventura. Não à toa, quem lidera a turma são dois aventureiros: Woody, vindo diretamente dos seriados e filmes de faroeste dos anos 50 e 60, e Buzz Lightyear, filho de Star Wars e neto de 2001 – Uma Odisseia no Espaço. Um é o caubói que desbrava a Terra, enquanto o outro conquista o espaço.

Quando Woody, o Sol, e Buzz, a Noite, estão juntos, há um encontro mágico chamado Toy Story. Toy Story 3 não tem aquele mesmo frescor e originalidade do primeiro. Já não há a surpresa dos bonecos falantes e até mesmo um tiranossauro rex medroso, mas uma coisa não se perdeu: o prazer do divertimento que trás, por baixo dos panos, muitas coisas sérias a se pensar. A morte é a principal delas, pois, o que é senão a morte para um brinquedo que fica jogado num baú do sótão?

Nesta terceira aventura, Andy já tem 17 anos e decide levar apenas Woody para a faculdade. O restante da turma (Sr. e Sra. Cabeça de Batata, Tiranossauro Rex, Porquinho, Slinky e Soldado) deve ficar no sótão... mas esse será mesmo o destino?

Se as crianças de 1995 se contentavam com os 16 bits de Mega Drive e Super Nintendo, as de 2010 estão acostumadíssimas ao mundo online e às imagens em altíssima definição. Toy Story 3 sabe disso e este é justamente seu Tendão de Aquiles. Os criadores mergulham o filme no amálgama do espetáculo, explosões, coloridos e uma sequência final com aventuras inacreditavelmente impossíveis. Lindo de se ver, claro, mas Toy Story é um fenômeno primeiramente pela simplicidade e aura artesanal e, depois, pela tecnologia.

À primeira vista, as mentes da Pixar divertem. Porém, há sempre algo mais por trás do cômico. Como a maioria dos filmes americanos pós-11 de setembro, Toy Story 3 não passa incólume aos métodos da administração Bush. Os brinquedos vão parar em uma creche e param nas mãos de crianças vorazes e repletas de energia.

Sunnyside, a creche, é uma verdadeira Guantânamo, com direito à tortura e com um nome que é clara referência ao “dark side” que permitiu ao ex-presidente norte-americano ocupar o Iraque e violar inúmeros Direitos Humanos.

Mas, isso é subtexto voltado para o público que espera Cinema. Como um bom produto de mercado, Toy Story 3 emociona e incorpora elementos pop (sim, Barbie volta, e desta vez ao lado de Ken), ao mesmo tempo que cutuca e diz “olha, sabemos o que aconteceu na última década, viu?”.

A habilidade de arrancar o riso de situações inusitadas e surpreender o espectador com comportamentos estranhos dos personagens não sofreu nenhum arranhão comparados aos filmes anteriores da franquia. Os esquetes ainda continuam poderosos. O que perdeu força foi o conjunto da história e os desfechos dos atos.

Ainda assim, Toy Story 3 nos faz lembrar como tem sido difícil encontrar inovação na indústria de cinema dos EUA. Se todo o blockbuster tivesse o mesmo esforço criativo de John Lasseter, talvez poderíamos voltar 35 anos no passado, quando um filme sofisticado como Tubarão era o maior sucesso de bilheteria.

Fonte: CineClick
Autor: Heitor Augusto

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