10 de jun. de 2010

Crítica: Esquadrão classe A

Esquadrão Classe A é a prova de como criatividade no roteiro e desenho de personagem não tem sido o forte de Hollywood há um bom tempo. Afinal, o que há de mais marcante na versão cinematográfica é justamente o desequilíbrio de quatro personagens, característica que já estava moldada no seriado original dos anos 80, The A-Team.

No filme, temos a tradicional situação de quem está dentro de uma instituição, mas age clandestinamente fazendo o serviço sujo com pontual eficiência. Aquilo que o cinema americano convencionou a dizer que a Lei não dá conta, que já estava lá em Stallone Cobra, a “justiça” por meios ilícitos. Um time com quatro combatentes que se completam: o estrategista, o charmoso, o brutamonte e o desequilibrado. Quatro partes de um corpo que não funciona separado, cujo sentido só existe quando estão lado a lado explodindo alguém.

A graça de Esquadrão Classe A está nas situações que surgem a partir do encontro dos quatro: o confronto entre Murdock (Sharlto Cooper), que só consegue viver no limite até nas situações triviais, e Bosco B.A. (Quinton Jackson), o fortão da turma que morre de medo de avião; o disciplinado e estrategista Coronel Hannibal Smith (Liam Neeson) oposto ao conquistador e impulsivo Cara de Pau (Bradley Cooper). Ou seja, nos desequilíbrios individuais controlados (e descontrolados) pelo conjunto.

De resto, seja em termos de estrutura do roteiro, da marca da direção ou das opções da montagem, trata-se de mais um filme de ação razoável como muitos outros. Tiros, socos, explosões e outras convenções do gênero executadas com mínima eficiência.

Esquadrão Classe A começa com uma retumbante apresentação dos personagens. Ritmo frenético, cortes rápidos e música o mais alto possível, opções que parecem ter saído da fôrma de Tony Scott. Porém, quem assina a direção é Joe Carnahan, do bom Narc e do sofrível A Última Cartada.

Carnahan perde diversas oportunidades de fazer um filme comercial e mesmo assim, não fazer as escolhas óbvias. A câmera está sempre onde esperamos, as cenas são encadeadas sem complicações. Esquadrão Classe A só cresce quando é a psicologia dos personagens que determina as respostas às situações de perigo.

Então, sobressaem-se dois atores. Sharlto Cooper, tardiamente descoberto pelo cinema mundial com Distrito 9, apropria-se do tesão pelo perigo de seu personagem, Murdock, para nos entregar uma interpretação que paga tributo a Jack Nicholson de Um Estranho no Ninho.

Já Bradley Cooper, de Se Beber, Não Case, veste confortavelmente a roupa do bonitão que usa o charme para fugir de problemas (e conseguir outros). Quase um filho de Hannibal Smith, o comandante interpretado sem maiores complicações por Liam Neeson. O ex-lutador Quinton “Rampage” Jackson faz o que sabe de melhor: bater.

Então, o que temos em Esquadrão Classe A? Um filme que consegue entreter por causa dos quatro personagens, engraçados, desequilibrados, multi-habilidosos e inteligentes –cujo crédito deve ser dado especialmente à série que deu origem ao filme. De resto, nada muito empolgante.

Fonte: CineClick
Autoria: 
Heitor Augusto

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