4 de jun. de 2010

Crítica: Príncipe da Pérsia: As areias do tempo


Qual cético a filmes adaptados de games já não confirmou sua frustração a cada produção lançada? Que tal Street Fighter – A Última Batalha, Super Mario Bros. ou Alone in the Dark? Longas como Terror em Silent Hill ou Mortal Kombat são exceções com resultados razoáveis.

Pode-se acrescentar mais um filme à lista de boas exceções. Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo utiliza todos os clichês para se construir como um filme de aventura decente para quem enxerga cinema como diversão. O que é mais obrigação do que mérito para quem tem um produtor como Jerry Bruckheimer, uma estrela em ascensão como Jake Gyllenhaal e um simpático orçamento de US$ 200 milhões, ajuda no resultado de um filme.

Essa combinação entre produtor-dinheiro-ator domina a estrutura do filme. Primeiro, porque Bruckheimer (o senhor Piratas do Caribe) é uma máquina de fazer dinheiro sabe que o público reage bem quando uma pitada de romance é adicionada ao herói. O dinheiro permite contratar uma equipe eficiente para executar ótimos efeitos especiais (gente que trabalhou em A Bússola de Ouro a O Lobisomem), investir em boas locações e caprichar na direção de arte. Já a presença de um ator acostumado a filmes menores liderando um potencial blockbuster contribui para que as cenas dramáticas não sejam risíveis.

Na trama de Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo, Jake Gyllenhaal é Dastan, um príncipe adotivo que lidera a ocupação do reino sagrado de Alamut sob a alegação de que ali estavam escondidas armas destrutivas. Ele conhece a princesa Tamina (Gemma Artenton), que lhe revela a existência de uma adaga que permite viajar pelo tempo. O que Dastan não sabia é que, por trás da busca pelas armas de destruição, há muitos outros mistérios a serem revelados.

O filme entrega o que o público fiel a esse tipo de aventura aguarda: perseguições e lutas bem filmadas, tiradas cômicas, efeitos especiais, romance. O público sai feliz porque viu o que esperava e a produção sai mais feliz ainda, comemorando a bilheteria.

O que talvez o público não esteja esperando é o subtexto político. A Alamut do filme é uma metáfora do Iraque. Tus, um dos príncipes, é George W. Bush filho, enquanto o Rei Sharaman é George W. Bush pai. As “armas perigosas” são como espelho das “armas de destruição em massa” que justificaram a destruição iraquiana. A adaga, o grande tesouro que procuram, tem como paralelo o petróleo do Oriente Médio. Os Hassansin encontram respaldo nos mercenários da guerra.

Hollywood já não pode ignorar o efeito Iraque, mas tampouco ousa contestar a indústria bélica (tanto que o filme traz a pérola “nós somos os conquistadores e os salvadores”). À exceção dessa simplificação do texto político, Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo promete um bom produto e o entrega.

Fonte: CineClick
Autoria: Heitor Augusto

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