22 de jul. de 2010

Crítica: Predadores

O que dizer de um filme, sem boas sequências de filmes, se reinventar? Se você acha bom, que ótimo, mas, no meu caso, bato palmas para a pretensão de Robert Rodriguez de querer sustentar mais um capítulo de uma história que deveria ter parado no primeiro filme. A coragem de confrontar os fãs de O Predador é digna de atenção.

Não achei que foi dessa vez que alguém fez algo significativo em relação a essa história. Tudo bem que Rodriguez pode ter pensado em prestar uma homenagem à produção que tanto admirava, mas esse revival não foi tão bem planejado.

Predadores é um joguete na mão do expectador que, no susto, vê mercenários caírem do céu, numa terra nada prometida. A história é simples e com enredo linear. Aquele começo, meio e fim que um filme de ação e suspense estão longe de dispensar, porque funcionam muito bem. Porém, mesmo seguindo essa fórmula, o longa se perde por conta do roteiro mal montado. Parece que tudo ali não precisa de uma explicação. Para quem conhece O Predador (1987), de John McTiernan, fica até fácil engolir e digerir a nova produção. É o suficiente. Mas para quem não conhece a história inicial, entender qual o objetivo dos personagens é um obstáculo, pois nada remete a nada.


Oito dos maiores assassinos da Terra são deixados à própria sorte em um planeta desconhecido, que à primeira vista é coberto por uma densa floresta tropical - cenário clássico, assim como os dois primeiros filmes. O que podemos entender é que esse é o lugar que os predadores usam como terreno de caça, e jogam com os seus “brinquedinhos”. Mas o por quê daquelas pessoas estarem ali é outro mistério. O diferencial é que na produção de Rodriguez os personagens são “sortidos”, porque antes só militares eram escalados para as missões. Nesse filme, há presidiários, um integrante da Yakuza, militares, um médico...

Vemos no elenco Adrien Brody, Alice Braga e Danny Trejo como os grandes destaques. Mas nem sempre o fato de se ter atores bons em um projeto é sinal de bom resultado, pois quando vejo um filme, a primeira coisa que eu quero é criar uma empatia com o personagem, pois é através dele que vinculamos uma conexão entre realidade e ficção. Senti falta disso em Predadores.

Quando Arnold Schwarzenegger e Carl Weathers caçavam os alienígenas no primeiro filme, mesmo com as falas curtas, porém incisivas, você conseguia sentir um apego pelo herói que cada um representava. O monstro tinha de ser destruído e eu torcia muito por isso. Mas parece que não só na obra de Robert Rodriguez, mas como nas últimas filmagens feitas sobre o bicho-papão de dreads, a vontade se torna contrária. Nesse caso, acho o inimigo tão gente boa que rezo para que ele destrua todos os humanos que encontrar.

Em Predadores, infelizmente, não dá para gostar de nenhum personagem. Quando Adrien Brody abre a boca e usa um tom de voz parecido com o do Clint Eastwood, dou risada. O ator é bom, mas não me convenceu bancando o badboy e “pagando” tanquinho. Daí dou pontos para Alice Braga que parece carregar o elenco nas costas como a chefona da turma. Danny Trejo, com aquele peculiar “tipão” mau-encarado, não mata nem mosca. Laurence Fishburne também surge na trama, mas apagado e com pinta de maluco. O resto dos atores faz o que todos os outros fazem: salvam suas peles.

A música que envolve as cenas é o que transmite a tensão do filme e os pontos mais intensos da história são salvos graças à trilha instrumental assinada por John Debney. Mais uma vez traçando uma comparação, nos anos oitenta, o pano de fundo dos longas era o rock and roll; o que não caberia em Predadores, pois o tom formal entre os personagens só abre brecha para uma orquestra sombria.

Nem tudo está perdido. Os fãs poderão, em certas partes do filme, perceber várias menções sobre O Predador, que os roteiristas Alex Litvak e Michael Finch incluíram no longa. Além disso, a direção de arte também teve o cuidado de não modificar o monstro para que sua originalidade não fosse perdida, embora novas raças de predadores, mais sádicas e destrutivas, possam ser conhecidas.

Sob essa perspectiva, passa pela minha cabeça que a produção de Robert Rodriguez pode até virar um hit cinematográfico para os amantes de seus trabalhos, mas continuo com o pensamento de que essa reciclagem constante e desnecessária de clássicos encalha nas locadoras. Talvez, por isso, seja melhor manter as boas lembranças de sucessos antigos onde sempre deveriam estar: no passado.

Fonte: CineClick

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