19 de jul. de 2010

Crítica: Encontro Explosivo

Caro espectador, quando você achava que Caçador de Recompensas era uma piada de mau gosto por ser um filme com gigantesca falta de talento em entreter, surge Encontro Explosivo para testar sua paciência ao limite. A única coisa que separa os dois filmes são os US$ 77 milhões a mais no orçamento, que dão ao filme de James Mangold a chance de ter efeitos especiais e visuais como disfarce da fraqueza da história.

A produção caprichou nas locações internacionais, investiu em tecnologia, chamou um diretor razoável e escalou duas estrelas, Cameron Diaz e Tom Cruise. Só esqueceram de um detalhe: o roteiro! O trabalho de Patrick O’Neill, roteirista estreante, é desastroso e sofre para amarrar as próprias convenções do gênero.

A trama dá conta do inesperado encontro entre Roy (Cruise), um agente, e June (Diaz), uma linda e solitária jovem. Eles se esbarram no avião e, quando a mocinha percebe, está sendo perseguida por causa de uma fonte eterna de energia, protegida pelo mocinho.

Encontro Explosivo se propõe a ser uma diversão pipoca e refrigerante, mas escorrega na sua missão: entreter. Isso porque a estrutura do filme é um desastre. Numa história que se concentra sobre a dúvida de quem está falando a verdade, o espectador precisa ser surpreendido e a trama pede viradas de mesa. Mas, para quem já viu meia dúzia de filmes de ação que trabalham com a ideia de espião, sabe para onde a história vai caminhar. Então, passamos duas horas acompanhando algo cujo desfecho já está desenhado.

O roteiro se desenvolve como um game de aventura, com cenários diferentes a cada fase que é completada. Mas o filme esquece de dar sentido ao que acontece entre uma perseguição e outra, entre um tiroteio aqui e uma explosão ali. Parece que Encontro Explosivo está pouco se lixando para o que acontece entre as sequências de aventura. Fica difícil assistir a algo que teria de surpreender, mas não consegue plantar a dúvida, e aposta apenas na qualidade visual das perseguições.

O’Neill sofre tanto para desenvolver uma trama que apela para a resolução mais óbvia para explicar qual a razão de toda a perseguição: colocar Cruise e Diaz dentro de um carro e exagerar no diálogo. Então, em dois minutos, o roteirista cumpriu a árdua tarefa de contextualizar o espectador. Pode dar um “OK” na lista de obrigações do roteiro e “sentar a pua” na aventura.

Também não ajudam muito as interpretações de Diaz, a eterna charmosa, e Cruise, o rei do time de canastrões criado nos anos 80. Sua personagem, June, não pede muito esforço, pois não tem vida própria, reage apenas às situações criadas por Roy. Este, por sua vez, é encarnado por um Cruise que parece ter saído do set de Missão Impossível – só recebeu umas orientações do diretor para sorrir um pouco mais, pois, apesar de tudo, trata-se de uma comédia romântica.

Encontro Explosivo tem algumas semelhanças com True Lies e Carga Explosiva, filmes nos quais a mocinha descobre repentinamente o que está acontecendo, ou com Caçador de Recompensas, com a mocinha relutando em assumir que ama o ser “desprezível” que está ao seu lado durante o filme todo. É aquele tipo de filme que tem de tudo, mas não tem nada, de fato, tão fraco que não consegue sequer atingir seu preceito básico como produto: entreter.

Fonte: CineClick
Autoria: Heitor Augusto

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