24 de ago. de 2010

Crítica: O último mestre do ar

O filme era para se chamar Avatar, mas James Cameron e a Fox chegaram primeiro e registraram o nome. O que não tem nada a ver com plágio. Este O Último Mestre do Ar, de M.Night Shyamalan, é a adaptação cinematográfica do desenho animado de televisão Avatar: The Last Airbender (exibido no Brasil apenas como Avatar), que teve quatro temporadas produzidas entre 2005 e 2008. Não há semelhança entre os filmes de Cameron e Shyamalan.

Em O Último Mestre do Ar, o mundo está em guerra, dividido entre quatro nações: Terra, Fogo, Água e Ar. Na Tribo das Águas, os jovens irmãos Sokka (Jackson Rathbone, o Jasper da trilogia Crepúsculo) e Katara (Nicola Peltz) fazem o que podem para arrumar comida num cenário desolado, onde o pai está fora, em batalha, e a mãe já morreu. Ao caminharem por uma fina camada de gelo, eles encontram uma grande esfera congelada, de onde retiram, inconscientes, um garoto chamado Aang (o expressivo Noah Ringer) e um gigantesco animal voador. Logo ficamos sabendo que Aang é um “Avatar”, ou seja, uma pessoa com a raríssima habilidade de controlar os quatro elementos da natureza, figura fundamental para unir as Nações em guerra e conseguir a paz. Sabendo disso, os beligerantes governantes da Nação do Fogo, justamente a que deu início à grande guerra, tentarão eliminar Aang de todas as maneiras.

Tem início assim um filme de proporções épicas (e orçamento idem, estimado em US$ 150 milhões), com belas locações na Groenlândia e no Vietnã e, claro, caprichado na dose de efeitos especiais. Para o público infantil, a promessa de muita aventura e um show visual. Para o público adulto, a assinatura de M. Night Shyamalan, o excelente diretor de O Sexto Sentido, Corpo Fechado, A Vila e A Dama na Água, entre outros grandes filmes.

Os mais jovens certamente terão suas expectativas satisfeitas. O filme é visualmente atrativo, tem bom ritmo, e entrega o que promete. Já o cinéfilo que busca o estilo sempre surpreendente de Shyamalan certamente sairá decepcionado: O Último Mestre do Ar não traz, nem de longe, o talento narrativo, a criatividade e as sutilezas de direção e roteiro que sempre caracterizaram o cineasta indiano. Pelo contrário: o filme é dirigido com uma certa mão pesada, onde o medo de errar parece maior que a vontade de acertar.

Percebe-se no roteiro aquele eterno cuidado de deixar tudo explicadinho verbalmente, várias vezes se for preciso, provavelmente temendo que o público não entenda algo da trama, subestimando desta forma a percepção da plateia, e valorizando o texto em detrimento da imagem, um dos grandes pecados de muitas produções de alto orçamento.

Exemplo: logo nos primeiros momentos do filme, o personagem da avó de Sokka e Katara explica detalhada e verbalmente aos seus netos a questão da existência e da importância dos Avatares. Coisa que um longo texto colocado bem na abertura já havia feito.

Da mesma forma, a música – repleta de percussões – é novamente insistente e onipresente, o que, neste caso, nem chega a ser tão incômodo como em outros filmes do gênero.

O Último Mestre do Ar é repleto de referências à cultura oriental. O conceito das reencarnações sucessivas do personagem principal, por exemplo, é uma clara alusão ao Budismo. Os Deuses, representados por peixes, recebem os nomes de Ying e Yang. Além do fato das lutas e batalhas serem regidas muito mais pelo ideal de Equilíbrio que propriamente pela simplista ideologia do Bem contra o Mal.

De uma forma geral, o filme agrada, mas não há nenhuma necessidade dele ser exibido em 3D. Nenhuma cena justifica o preço mais alto do ingresso. Assim como aconteceu em Fúria de Titãs e outros, O Último Mestre do Ar não foi produzido, mas apenas finalizado dentro deste sistema, o que acaba gerando – digamos assim – uma espécie de estelionato. Não é este o nome dado para quem cobra por uma coisa que não existe? Prefira as cópias simples, em 2D, mais baratas e com o mesmo efeito.

Fonte: CineClick
Autoria: Celso Sabadin

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