14 de mai. de 2010

Crítica: Pandorum

Suspense de ficção científica começa bem mas se perde ao tentar demais

Desde 1979 o cinema tenta recriar a atmosfera de Alien - O Oitavo Passageiro. Um dos filmes recentes que chegou relativamente perto da sensação de claustrofobia e impotência do clássico de Ridley Scott foi Abismo do Medo, de Neil Marshall. Não é por acaso, portanto, que a ficção científica Pandorum pareça um pouco dos dois e misture ainda uma pitada de Sunshine - Alerta Solar e Mad Max à receita.

Com as referências corretas como guia, o longa do alemão Christian Alvart começa bem. Na história, dois membros da tripulação de uma gigantesca espaçonave despertam sem lembranças de como chegaram ali, quem são ou quanto tempo dormiram em câmaras de hibernação. Enquanto a nave se esfacela em meio a tremores e picos de energia, não tarda para que eles descubram que não estão sozinhos e que sua situação é muito mais aterradora do que imaginavam.


A linha principal narrativa é decente. Mesmo que não traga grande novidade ao gênero, tem boas atuações - Dennis Quaid e Ben Foster trabalham com a competência habitual -, ótimo clima e Alvart sabe quando e onde empregar alguns excessos de estilo. Metade do filme, a que mantém o suspense e os cenários escuros e apertados, é empolgante e o design de produção impressiona. Os sets são realistas e as alvas criaturas que infestam a nave Elysium são ótimas e criativas. Os adornos e armamentos dos monstros - daí a referência a Mad Max e suas gangues - são bem mais significativos para a história do que parecem a princípio. O diretor definitivamente tem um bom olho para a esquisitice.

O problema são mesmo as tramas paralelas do roteiro que Alvar coescreveu com Travis Milloy que, ao final, acabam sendo não tão paralelas assim. Há algumas dispensáveis reviravoltas (o que é aquela cena romântica com Ben Foster todo de branco?) e personagens irrelevantes. Parte do clímax e toda a discussão sobre a doença que acomete alguns hibernantes é igualmente intragável.

Pandorum se perde ao tentar demais, ao ignorar a simplicidade que já havia conseguido de início, ao buscar algo mais que ser uma boa sci-fi. Isso é tarefa para cineastas com mais cacife que o limitado Alvart. Ao mirar alto demais, Pandorum fica mesmo é na média que tanto temia.

Fonte: Omelete
Autor: Érico Borgo

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