19 de mai. de 2010

As pessoas estão passando mais tempo em casa

Cerca de 50% dos consumidores paulistanos fazem compras por telentrega,
sendo que 96% desses compram alimentos, 39,5% remédios e 31,4% compram livros.

TENDÊNCIA nº14: As pessoas estão passando mais tempo em casa
Uma tendência que se observa já algum tempo, mas que vem crescendo bastante nos últimos anos, é a opção que muita gente está fazendo por ficar em casa, em detrimento de atividades externas. Ou seja, a maioria das pessoas está restringindo suas atividades fora de casa aos compromissos profissionais, de estudo e ao extremamente necessário, preferindo passar mais tempo indoor.

As provas disso são muitas. O tempo em que permanecem à frente do televisor é uma delas. Segundo o Ibope, o brasileiro, a cada ano, assiste a mais TV. Atualmente, está assistindo a 5 horas e 7 minutos por dia; há cinco anos, gastava meia hora a menos nisso, ou seja, 4 horas e 37 minutos. A média diária de consumo de televisão por domicílio, no Brasil, passa das 8 horas e 30 minutos.

Outro dado que demonstra essa tendência é o crescimento do número de pessoas que trabalham em casa, nos chamados home offices. Ou são pessoas que têm sua micro ou pequena empresa em casa mesmo ou profissionais especializados que prestam serviços para grandes companhias de forma remota. Segundo pesquisa a Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades, o número de teletrabalhadores no Brasil é de 3,5 milhões de pessoas, com um crescimento de 10% ao ano. E isso parece ser algo que veio para ficar. Nos EUA, por exemplo, já são mais de 21 milhões de pessoas que trabalham a distância, a grande maioria em casa, representando 18% de toda a força de trabalho americana.

O crescimento dos serviços de telentrega é outro dado quecomprova a tendência de as pessoas passarem mais tempo em casa.

Conforme pesquisa o Programa de Administração do Varejo¬Provar, da Fundação Instituto de Administração, de São Paulo, SO% dos consumidores paulistanos fazem compras por esse sistema, sendo que 42% o fazem pelo menos uma vez por semana. Sábados e domingos são os dias preferidos por 82% dos entrevistados.

Essa, portanto, parece ser uma preferência crescente entre pessoas de todas as idades: ficar mais tempo em casa.

Razões dessa tendência
Como já dissemos, muitas tendências são geradas por uma outra tendência ou pela conjugação de várias.

Basicamente, três grandes causas concorrem para a formação e o crescimento dessa tendência de as pessoas ficarem mais tempo em casa: o crescimento da violência urbana, as condições caóticas do trânsito e o desenvolvimento tecnológico de produtos para o lar.

A tendência de crescimento de insegurança das pessoas as faz preferir permanecer em casa. Torna-se cada vez mais arriscado aproveitar a rua.

O número de automóveis e veículos coletivos que trafegam nas ruas de nossas cidades desestimula muita gente a enfrentar, âs vezes, mais tempo em descolamentos e congestionamentos do que na atividade pretendida (cinema, teatro, jantar, etc.).

E, por fim, as facilidades de comunicação e lazer com que a tecnologia proveu os lares modernos são um grande estimulo para que as pessoas desfrutem mais tempo em suas casas. Com internet banda larga, televisão a cabo, telefonia fixa e móvel de qualidade, videogames e home theaters, quem vai querer sair de casa? É o que muita gente está pensando.

Impactos sobre os negócios
Os impactos dessa tendência sobre o universo dos negócios são diretos e claros. Se as pessoas decidem, por qualquer razão, permanecer mais tempo em casa, é natural que boa parte do seu consumo de produtos e serviços seja realizado em casa. Das pessoas que utilizam serviços de telentregas, conforme pesquisa já citada do Provar, 96% compram alimentos, 39,S% compram remédios e 31,4% compram livros. Os dois primeiros itens são previsíveis, mas comprar livros por telentrega é uma surpresa e demonstra o interesse crescente desse público por ofertas de novos produtos em suas residências.

Também é natural que, por ficarem mais tempo em casa, as pessoas queiram provê-Ia de todo conforto possível e desejem transformar esse espaço num lugar aconchegante, bonito e prazeroso.

Daí as inúmeras oportunidades para renovação de móveis, utensílios para cozinha, objetos de decoração, aparelhos eletroeletrônicos, etc. Parodiando aquela música do Milton Nascimento, toda empresa tem que ir aonde o cliente está – e se ele está mais tempo em casa, é lá que temos que chegar.

No entanto, vale lembrar os efeitos da contratendência. Se as pessoas estão mais tempo em casa, surge também uma demanda por sair de vez em quando para atividades externas, de forma a aliviar a pressão e a tensão que o confinamento em geral produz.

Então, há tanto oportunidades de negócios no sentido da tendência, ou seja, atender esse consumidor em casa, quanto no sentido contrário, oportunizando que ele saia e se divirta, passeie e se entretenha fora de casa, com segurança e sem stress.

Sugestões de negócios


  • Serviço de jantar a domicílio

Uma das preocupações de quem pretende oferecer um jantar para os amigos é o que oferecer. Pratos mais sofisticados ou trabalhosos requerem um tempo maior dedicado ã cozinha, o que prejudica o convívio e a atenção com os convidados. A preferência acaba recaindo em cardápios mais simples e tradicionais, como o velho e bom strogonoff com batata palha ou a boa lasanha de carne. Nada contra, são pratos campeões. Mas, e quando os anfitriões desejam oferecer uma bacalhoada, uma feijoada, uma moqueca ou um outro prato mais difícil de elaborar e que demanda mais tempo diante do fogão?

Uma empresa de buffet que ofereça jantares a domicilio pode ser uma boa oportunidade de negócio. Um cardápio competente de comidas “difíceis”, trabalhosas ou sofisticadas. Todas saborosas e a um preço justo. Entregues prontas em casa, sem sujeira, sem maiores preocupações, no horário programado, e suficientes para atender ao número de convivas. Ah, e sem jeito de comida de telentrega.Perfeito!

Essa empresa poderia oferecer, ainda, sobremesas (no mesmo padrão), harmonização de vinhos indicados por um sommelier, licores especiais e locação de serviços de mesa (toalhas, talheres, cristais, etc.).

Obviamente, o ponto-chave dessa empresa compõe-se de dois itens, basicamente: uma excelente cozinha e um excelente atendimento. Bom apetite!


  • Academia ao ar livre

Para quem passa a maior parte do seu tempo encerrado no trabalho ou em casa, ter uma atividade física externa pode ser uma excelente opção. Já existem algumas iniciativas de se levar a academia para a rua, mas ainda há muito a ser feito, além de boas oportunidades de negócios.

Uma academia que ofereça programas de exercícios em parques, praças e áreas verdes pode ter uma grande aceitação de público. Além dos exercícios tradicionais de ginástica, outros podem ser incluídos, tais como corridas, jogos, remo, bicicletas, caminhadas, etc.

Uma variante para esse negócio é dispor de um sitio próximo à área urbana, equipado para uma série de exercícios e atividades ao ar livre, em que o cliente possa gastar calorias sem sentir e sem enfrentar a frieza dos ferros.


  • Vendas de perecíveis bio online

Uma pequena empresa pode criar uma rede de compra de produtos – frutas e legumes sem uso de agrotóxicos – e com um site na internet fazer a venda e entrega customizadas a seus clientes, no mínimo, uma vez por semana. Fruta e legume saudável, bem escolhido é cliente bem atendido. Essa empresa deve transmitir como imagem “produto sadio, chegando hoje da fazenda”.

Dicas para negócios já existentes


  • Padarias podem promover algo do tipo “saiu pão quentinho,vizinho”, fazendo entrega a domicilio de pães, doces, laticínios e outros produtos, em horários determinados, tipo para o café da manhã, café da tarde e para o lanche da noite.

Poderia ser definida uma área em torno da padaria, na qual esse serviço seria feito para clientes cadastrados. Não se trata simplesmente de um serviço de telentrega, mas de relacionamento com a clientela e um importante diferencial competitivo em relação à padaria da outra esquina.


  • Na maioria das casas, o sofá da sala é o móvel mais usado,porque é nele que a família passa horas de lazer diante da TV. Lojas de móveis, ou especializadas em sofás, poderiam fazer promoções conjuntas com redes de videolocadoras ou com grandes distribuidoras de filmes, para dar como brinde um certo número de locações ou um DVD grátis na compra de um novo sofá. O mesmo poderia ser pensado

em relação às empresas de TV por assinatura, que ofereceriam descontos na compra de sofás em determinada rede de lojas na assinatura de pacotes anuais, por exemplo.


  • Bancas de revistas podem pensar na possibilidade de fazer a oferta de seus produtos em grandes condomínios, utilizando-se para isso de uma minibanca ambulante, montada sobre rodinhas, algo simples, nos mesmos moldes do que é feito em algumas praias. Isso, especialmente nos finais de semana, pode representar um bom acréscimo nas vendas.
Fonte: Visão do Empreendedor
Autores: Susana Maria Kakuta e Julio Ribeiro

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